quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A cesariana



As mulheres 


estão desenhadas 


para o parto vaginal 


e não para

"A generalização do parto por cesariana não está de acordo com a medicina baseada na evidência", afirmou Gerard Visser, do University Medical Center, em Utrecht (Holanda) à revista Women's Medicine, no âmbito da sua intervenção na reunião promovida pela Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal.
Na Europa, "os países do Norte têm taxas inferiores a 14%". Já nos EUA "ultrapassam os 30%". Portanto, "não existe uma lógica médica por detrás. Devem existir outras razões para explicar estas diferenças".

Na opinião do catedrático, essas diferenças assentam, essencialmente, nas escolhas dos médicos. "Para alguns, as cesarianas são fáceis, podem ser programadas, ao contrário dos partos vaginais, que tanto podem ocorrer durante o dia como em plena noite". Por outro lado, "na medicina moderna, constatamos que existe muita pressão sobre os médicos em termos legais no que diz respeito à segurança e isso também tem impacto na escolha do parto por cesariana", a par do facto de muitas mulheres preferirem esta técnica ao parto vaginal.

Em Itália, por exemplo, "frequentemente, são os médicos a recomendar a cesariana às parturientes, por uma questão de segurança e comodidade". Mas, de acordo com Gerard Visser, trata-se de uma abordagem errada. "De facto, o parto por cesariana tem poucos riscos. Mas os riscos associados às gestações seguintes são elevados. O catedrático cita, nomeadamente, o acretismo placentário ou rotura uterina, "situações perigosas, quer para a criança, quer para a mãe. E quanto maior é o número de cesarianas mais elevados são os riscos para as mulheres".

Por esse motivo, Gerard Visser defende que, "se a mulher estiver na casa dos 40 e for a sua última gravidez, poderemos aceitar fazer um parto por cesariana. Mas, quando se trata de uma jovem que deseja ter mais filhos, devemos aconselhá-la a ter um parto vaginal, devido aos riscos em futuras gestações".

Mesmo em presença de diabetes, asma ou gestação múltipla, Gerard Visser considera que não existe motivo para praticar cesariana. As exceções dizem respeito àqueles casos "em que o primeiro dos gémeos se encontra em posição invertida ou, na presença de diabetes gestacional, quando a criança apresenta um peso igual ou superior a quatro quilos, devido ao problema da largura dos ombros".

Ultrapassando o âmbito médico, salienta ainda que, para os sistemas de saúde, os custos económicos do parto vaginal são duas a três vezes menores do que os do parto por cesariana.


Texto original publicado na revista Women's Medicine, N.º 2, julho 2013

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