Consumo de cafeína é prejudicial
durante a gravidez
O consumo de cafeína durante a gravidez é prejudicial ao desenvolvimento do cérebro do bebé, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).
A descoberta é fonte de um estudo levado a cabo por uma equipa internacional de investigadores daquela Universidade, através do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), das Faculdades de Medicina (FMUC) e de Ciências e Tecnologia (FCTUC), tendo ainda envolvido cientistas da Alemanha e da Croácia.
Segundo apurou a agência Lusa, o estudo foi publicado na revista científica “Science Translational Medicine”, uma publicação do grupo “Science”.
Uma nota de imprensa da UC esclarece que:
“a equipa avaliou o seu impacto durante o período de gestação e descreveu, pela primeira vez, os efeitos nocivos do consumo de cafeína (em ratinhos fêmeas) durante a gravidez, sobre o cérebro dos seus filhotes”.
O mesmo comunicado refere ainda que:
“este trabalho, apesar de realizado em roedores, sugere que devem ser realizados estudos cuidadosos para avaliar as consequências do consumo de cafeína por mulheres grávidas”.
Para o estudo a equipa de investigadores reproduziu o consumo regular de café em ratos fêmeas, em doses equivalentes ao consumo humano de três chávenas de café por dia, durante toda a gestação e até ao desmame das crias.
Rodrigo Cunha, coordenador da equipa portuguesa do estudo, observou que os jovens roedores:
“mostraram maior suscetibilidade de desenvolver epilepsia e, quando atingiram a idade adulta, detetaram-se problemas de memória espacial”.
“A cafeína altera a migração e inserção de
neurónios que libertam GABA - o principal
mediador químico inibidor no cérebro". "Estes
neurónios formam-se numa região particular e
depois migram para, entre outros lugares,
hipocampo, uma região do cérebro que
desempenha um papel fundamental na
formação da memória”,:
descreve ainda Rodrigo Cunha, na mesma nota de imprensa.
Foi também observado:
“que a cafeína influencia
diretamente a migração destes neurónios, por
bloquear a ação de um recetor específico,
chamado A2A, diminuindo a velocidade de
migração dos neurónios. Assim, as células vão
chegar ao seu destino mais tarde do que o
previsto. Esta migração tardia afeta a
construção do cérebro com efeitos observados
após o nascimento (alterações da
excitabilidade celular e aumento da
suscetibilidade a episódios convulsivos) e,
durante a vida adulta, perda de neurónios
e défices de memória”.
O investigador conclui que este estudo: “é a primeira demonstração dos efeitos nocivos da exposição à cafeína sobre o cérebro em desenvolvimento e, embora questione o consumo de cafeína por mulheres grávidas, é necessário realçar o cuidado em extrapolar os resultados obtidos em modelos animais para a população humana, sem ter em consideração as diferenças no desenvolvimento do cérebro e da maturação entre as espécies”.
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