sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cafeína prejudicial durante a gravidez


Estudo em colaboração com a universidade de Coimbra


Consumo de cafeína é prejudicial 

durante a gravidez


O consumo de cafeína durante a gravidez é prejudicial ao desenvolvimento do cérebro do bebé, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).
A descoberta é fonte de um estudo levado a cabo por uma equipa internacional de investigadores daquela Universidade, através do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), das Faculdades de Medicina (FMUC) e de Ciências e Tecnologia (FCTUC), tendo ainda envolvido cientistas da Alemanha e da Croácia.

Segundo apurou a agência Lusa, o estudo foi publicado na revista científica “Science Translational Medicine”, uma publicação do grupo “Science”.

Uma nota de imprensa da UC esclarece que: 

“a equipa avaliou o seu impacto durante o período de gestação e descreveu, pela primeira vez, os efeitos nocivos do consumo de cafeína (em ratinhos fêmeas) durante a gravidez, sobre o cérebro dos seus filhotes”
O mesmo comunicado refere ainda que:
“este trabalho, apesar de realizado em roedores, sugere que devem ser realizados estudos cuidadosos para avaliar as consequências do consumo de cafeína por mulheres grávidas”.

Para o estudo a equipa de investigadores reproduziu o consumo regular de café em ratos fêmeas, em doses equivalentes ao consumo humano de três chávenas de café por dia, durante toda a gestação e até ao desmame das crias.

Rodrigo Cunha, coordenador da equipa portuguesa do estudo, observou que os jovens roedores:

 “mostraram maior suscetibilidade de desenvolver epilepsia e, quando atingiram a idade adulta, detetaram-se problemas de memória espacial”.

“A cafeína altera a migração e inserção de 


neurónios que libertam GABA - o principal 


mediador químico inibidor no cérebro". "Estes 


neurónios formam-se numa região particular e


depois migram para, entre outros lugares, 

hipocampo, uma região do cérebro que 


desempenha um papel fundamental na 


formação da memória”,: 


descreve ainda Rodrigo Cunha, na mesma nota de imprensa.

Foi também observado:


“que a cafeína influencia

 diretamente a migração destes neurónios, por

 bloquear a ação de um recetor específico,

 chamado A2A, diminuindo a velocidade de

 migração dos neurónios. Assim, as células vão

 chegar ao seu destino mais tarde do que o

 previsto. Esta migração tardia afeta a

 construção do cérebro com efeitos observados

 após o nascimento (alterações da 

excitabilidade celular e aumento da

 suscetibilidade a episódios convulsivos) e,

 durante a vida adulta, perda de neurónios 

e défices de memória”.

O investigador conclui que este estudo: “é a primeira demonstração dos efeitos nocivos da exposição à cafeína sobre o cérebro em desenvolvimento e, embora questione o consumo de cafeína por mulheres grávidas, é necessário realçar o cuidado em extrapolar os resultados obtidos em modelos animais para a população humana, sem ter em consideração as diferenças no desenvolvimento do cérebro e da maturação entre as espécies”.

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