quinta-feira, 2 de maio de 2013

CANCRO DA MAMA


Casos de cancro da mama devem aumentar 25% até 2030

artigo mama KS110095 5ae5fEm Portugal, a incidência do cancro da mama continua a crescer em todas as faixas etárias, apesar de ser mais frequente nas mulheres depois da menopausa. Anualmente são detetados cerca de 5000 novos casos e 1500 mulheres morrem com esta doença. Carlos Freire de Oliveira, presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), chama a atenção para a importância do rastreio.

"O cancro da mama é o tumor que mais alta incidência tem na mulher a nível europeu e em Portugal", alerta Carlos Freire de Oliveira. Ainda assim, Portugal apresenta uma incidência inferior à média europeia, estimando-se a existência de 70 novos casos por cada 100 mil mulheres por ano, enquanto alguns dos países europeus já atingem valores na ordem dos 100 novos casos por cada 100 mil mulheres por ano.

Contudo, calcula-se que, devido ao envelhecimento da população, haja um aumento do cancro da mama em Portugal. As projeções apontam para que, em 2030, a incidência deste tumor aumente cerca de 25% em relação a 2008, ou seja, que ocorram 6300 novos casos por ano, mais 1300 que atualmente.
A combinação de uma elevada incidência e de um prognóstico favorável faz com que o cancro da mama seja o tumor com maior prevalência, estimando-se que, em Portugal, se encontram vivas 22 mil mulheres a quem foi diagnosticado cancro da mama nos últimos cinco anos (para uma incidência de 5 mil novos casos por ano).

O Programa de Rastreio de Cancro da Mama da LPCC é dirigido a mulheres assintomáticas, com idade compreendida entre os 45 e os 69 anos. De acordo com Carlos Freire de Oliveira, as mulheres recebem um convite em casa para participarem no rastreio de dois em dois anos. Os rastreios decorrem em unidades móveis e fixas, dependendo das condições locais. A convocatória é feita pela LPCC, mas é o médico de família que recebe os resultados da mamografia e os comunica à mulher.

Na Região Centro, são rastreadas cerca de 95-100 mil mulheres por ano, valores idênticos aos verificados no Norte. No Sul, são rastreadas cerca de 60 mil mulheres por ano. De acordo com o responsável, "em zonas do interior, a taxa de participação é maior do que nas populações do litoral, porque as mulheres têm acesso a outras formas de realizar as mamografias".

Carlos Freire de Oliveira explica que, quando há dúvidas relativamente a uma mamografia, a mulher é chamada para ser feita uma aferição, isto é, para repetir alguns exames. No Núcleo Regional do Centro, a taxa de aferição oscila entre 3-4%. Contudo, só 0,7% das mulheres são reencaminhadas para um hospital.

Dados consolidados na Região Centro, para o grupo etário entre os 50 e os 65 anos, indicam que em cada 1000 mulheres que vão pela primeira vez ao rastreio são chamadas 53 para aferição, enviadas cerca de seis ao hospital e detetados 3,6 cancros. Quando a mulher vai ao rastreio numa fase subsequente, os números alteram-se. Em cada mil mulheres, são chamadas para aferição umas 18 e são enviadas para os hospitais entre 2 e 3 mulheres (2,5). O número de cancros detetados por cada 1000 mulheres é de 1,7.

Taxa de mortalidade é mais elevada em zonas não cobertas pelo rastreio
As projeções da Direção-Geral da Saúde para 2016 apontam algumas diferenças na mortalidade por cancro da mama nas várias regiões do país. Estas divergências devem-se, segundo Carlos Freire de Oliveira, à taxa de cobertura do Programa de Rastreio da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Assim, de acordo com este responsável, na zona Norte, estima-se uma mortalidade de 8,6%. No Centro, os dados apontam para uma taxa na ordem dos 8%. No que diz respeito a Lisboa e Vale do Tejo, a mortalidade deverá atingir os 11%. No Alentejo, prevê-se uma taxa de 10%. No Algarve, onde o programa de rastreio começou "há relativamente pouco tempo", a mortalidade deverá rondar os 14,7%.

Segundo o nosso entrevistado, o impacto do rastreio na mortalidade só ocorre 12 a 15 anos após ser iniciado. Por este motivo, sublinha, "há algumas zonas onde o rastreio começou mais recentemente e onde esse impacto ainda não é muito elevado".

E completa: "A Região Centro, que tem rastreio há mais de 20 anos, começa agora a sentir o impacto em termos de mortalidade. O Sul do país iniciou o programa em 1997, contudo, não tem rastreio no distrito de Lisboa e da Península de Setúbal, o que é lamentável por ser uma área de maior densidade populacional. No Norte, o rastreio iniciou-se em 1999, sendo que no decurso deste ano deve completar a cobertura, estendendo-se aos últimos concelhos dos distritos do Porto e Braga que ainda não participam."

Gravidez antes dos 30 pode diminuir risco
Não se conhece exatamente a causa do cancro da mama, mas há certos fatores de risco associados à doença. Alguns podem ser controlados (como o tabagismo ou os hábitos alimentares) e outros não, como a idade e o histórico familiar. A exposição a um ou mais fatores de risco não significa que a mulher vá necessariamente ter cancro da mama, mas que corre maior risco de ter a doença.

De acordo com Carlos Freire de Oliveira, o único "fator de proteção" que se conhece que pode levar a uma redução significativa do número de cancros da mama é uma gravidez antes dos 30 anos de idade.

Texto publicado na Women's Medicine, N.º 1, abril 2013

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