O uso da pílula deverá ser suspenso?
- 02-05-2013
"Não há motivo para alarme nem
para suspender o uso da pílula.
Em caso de dúvidas, a mulher deve consultar o seu médico",
disse Teresa Bombas, secretária-geral da Sociedade Portuguesa de Contraceção (SPDC), na sequência das notícias surgidas em França relativamente à pílula contracetiva. Aconselha os médicos de família, os ginecologistas e os outros profissionais de saúde que trabalham a área do planeamento familiar a manter as mesmas regras de aconselhamento utilizadas até agora.
"Nada mudou. Sempre foi do conhecimento dos médicos que a contraceção hormonal combinada
que frequentemente conhecemos como pílula não é isenta de riscos. Os riscos e os benefícios devem ser sempre equacionados", mencionou.
A secretária-geral da SPDC afirma que "a pílula contracetiva continua a ser um método muito seguro". No entanto, "o profissional de saúde deve manter presente que nas mulheres com fatores de risco – obesidade, tabagismo, HTA, colesterol alto, entre outros –, a pílula combinada com estrogénios e progesterona pode não ser um método de primeira linha". Numa população saudável, o risco tromboembólico associado à toma da pílula é inferior ao risco tromboembólico de uma gravidez.
Teresa Bombas recorda que a pílula é dos medicamentos mais bem estudados do mercado e utilizado em grande escala por mulheres jovens. "O risco tromboembólico sempre esteve presente e está claro entre nós. Nas últimas semanas, numerosos têm sido os artigos sobre esta polémica. A informação científica é unânime neste assunto, o risco na população em geral saudável não é significativo", refere.
De acordo com a especialista, estudos epidemiológicos recentes revistos pela Food and Drug Administration (FDA) não mostraram aumento de risco significativo de TEV com o uso de pílulas de 3.ª e 4.ª gerações reportado nos primeiros estudos realizados.
A médica lembra que já vivemos anteriormente outros períodos de grande alarmismo em relação à toma da pílula combinada. "Estes episódios foram bem estudados, verificando-se que sempre que existiu um alarmismo destes na comunicação social e ocorreu a suspensão do contracetivo a taxa de gravidez não planeada aumentou e o recurso à interrupção de gravidez também".
Dados do Inquérito Nacional de Saúde de 2007 revelam que mais de 85% das mulheres não grávidas e sexualmente ativas usam algum método de controlo da natalidade, sendo a pílula o contracetivo mais utilizado, com 65,9% de referências. Seguem-se o preservativo, com 13,4%, e o dispositivo intrauterino, com 8,8%.
Texto publicado na Women's Medicine, N.º 1, abril 2013
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