sábado, 25 de maio de 2013

SÍNDROME CORONÁRIO NA MULHER...

Síndrome coronária aguda 


tem “evolução 


desfavorável” na mulher

artigo 10074029 9df1fAs doenças 

cardíacas nas 

mulheres estão a 

aumentar e a 

matar cada vez 

mais. 

No caso da síndrome coronária aguda (SCA), o aumento deve-se, de acordo com a Dr.ª Lídia de Sousa, cardiologista de intervenção do Hospital de Santa Marta e do Hospital Cuf, em Lisboa, a "motivos multifatoriais".


Segundo a nossa entrevistada, na população feminina mais jovem, o aumento da incidência de SCA prende-se, sobretudo, com o crescimento dos hábitos tabágicos (em particular quando associados ao uso de anticoncecionais orais). 
Há outros fatores de risco relacionados com o estilo de vida (obesidade, sedentarismo, stress) e o "aumento da sobrevida, que acarreta um acréscimo das comorbilidades e dos fatores de risco cardiovasculares".


Quanto ao maior impacto que a SCA tem na mulher, Lídia de Sousa explica que existe uma "evolução desfavorável" que é condicionada por fatores como "o aparecimento num grupo etário mais idoso, em que a presença de comorbilidades é mais significativa, o diagnóstico mais tardio e menos frequente nas mulheres, um menor e mais tardio acesso à terapêutica de revascularização e uma taxa de complicações maior".

"Várias análises de registos apresentadas em 2012 vieram reforçar a atenção sobre o subgrupo da população feminina com supradesnivelamento do segmento ST (STEMI). Um estudo observacional efetuado a partir do registo nacional americano de SCA, entre 1995 e 2006, confirma a maior idade dos doentes do sexo feminino à admissão, bem como a maior frequência de formas de apresentação atípica e uma maior mortalidade intra-hospitalar dentro do mesmo grupo etário", indica.

Adicionalmente, acrescenta, "o FAST-MI, numa análise do registo francês de enfarte, demonstrou um aumento da incidência de STEMI de 11,8% para 25,5% nas mulheres com idade inferior a 60 anos, sem que se registasse um aumento significativo da percentagem de mulheres com STEMI no registo. 
O registo ORBI, da Bretanha, confirmou que entre a população feminina de STEMI a idade foi mais avançada, o acesso e tempo até à terapêutica de revascularização foram menos favoráveis e as complicações e mortalidade intra-hospitalar foram mais elevadas".

Os diagnósticos tardios explicam-se por "quadros de dor ou mal-estar mais difíceis de interpretar por não seguirem o padrão mais habitual" e pelo facto de, tendencialmente, "o risco cardiovascular também ser subvalorizado no sexo feminino". 
Assim, sublinha Lídia de Sousa, "as mulheres com maior frequência não são tratadas atempadamente ou do modo mais adequado, contribuindo para agravar o prognóstico adverso deste subgrupo".

De acordo com os dados do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a mortalidade intra-hospitalar para as mulheres com enfarte é superior (4,5% 2,7% nos homens), sendo que as mulheres com enfarte agudo do miocárdio com STEMI tratadas por angioplastia primária constituem cerca de 25% dos doentes.

Texto publicado na Women's Medicine, N.º 1, abril 2013

Sem comentários:

Enviar um comentário