Sexualidade do homem
- 02-06-2014
A puberdade masculina é um período que se caracteriza fundamentalmente pelo aumento da testosterona produzida pelo testículo.
Há um desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários com o aumento do volume testicular e o crescimento do pénis e do pêlo púbico, um aumento da massa muscular, a modificação do timbre da voz.
Nesta fase, existe um aumento da líbido, surge a espermarca, ou seja, a expulsão de esperma.
Todo este conjunto de alterações vai ter naturalmente uma repercussão na sexualidade que "explode" nesta fase da vida.
Se a puberdade não sucede na idade habitual nos homens (normalmente antes dos 14 anos), devemos verificar se se trata apenas de um atraso pubertário ou de um hipogonadismo definitivo.
O diagnóstico é fundamental para definir a terapêutica adequada com o intuito de evitar as repercussões não só orgânicas mas também psicológicas.
Em relação à andropausa, uma das dificuldades encontradas relativamente à andropausa é logo a falta de consenso quanto à sua definição. Por outro lado, enquanto na mulher a menopausa cursa com uma diminuição brusca dos níveis de estrogénios, no homem há apenas uma diminuição ligeira e gradual da testosterona.
Continuam por determinar quais os valores normais de testosterona na idade avançada. Relativamente à clínica, as próprias alterações fisiológicas da idade podem ser confundidas com os sintomas ditos da andropausa.
Quando os níveis de testosterona são francamente baixos (< 200 mg/dL), aí, existem menos dúvida, considera-se uma valor diagnóstico de andropausa e cursa, habitualmente, com alteração na sexualidade, diminuição da líbido, da energia, da capacidade ejaculatória e, muitas vezes, disfunção sexual eréctil.
Estas situações interferem naturalmente no relacionamento amoroso não apenas pela afeção orgânica mas também pela dimensão psicológica.
No que diz respeito às disfunções sexuais masculinas, a ejaculação precoce é uma das mais frequentes e pode afetar muito negativamente a vida sexual do casal.
Apesar das implicações, ainda é difícil para muitos doentes abordar esta patologia. O desconhecimento da possibilidade de tratamento pode ser uma das causas desta dificuldade em pedir ajuda médica.
Existem várias alternativas terapêuticas como a abordagem psicológica com terapêuticas comportamentais, a utilização de preservativos com benzocaína, fármacos anestésicos tópicos ou os inibidores da recaptação de serotonina. Atualmente, já está disponível o primeiro fármaco específico para a ejaculação precoce, a dapoxetina.
Quanto à disfunção sexual erétil, sabemos que existem múltiplos fatores que podem contribuir para o seu aparecimento.
A primeira abordagem consistirá em identificar as eventuais causas e se possível tratar ou corrigir.
Evitar hábitos nocivos como álcool, tabaco, alimentação desequilibrada, assim como substituir, se possível, fármacos como alguns antidepressivos ou antihipertensores podem ser medidas importantes.
Em relação à terapêutica médica os inibidores da 5 fosfodiesterase constituem a primeira linha de tratamento.
Estão contraindicados em homens que utilizam nitratos e alguns antagonistas alfa adrenérgicos. Como segunda linha terapêutica temos outras alternativas como o alprostadil intracavernoso ou intrauretral e ainda as bombas de vácuo. As próteses penianas representam a última alternativa.
Por José Maria Aragüés, Serviço de Endocrinologia do HSM, CHLN, EPE
Artigo original publicado no Jornal do Congresso do Curso de Pós-graduação Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo