Investigação Científica
2013-08-01
Estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of
Sciences”
A felicidade
não é toda igual
O organismo reconhece, ao nível molecular, que nem toda a felicidade é igual, podendo ajudar ou travar a saúde física, dá conta um estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Os investigadores da University of North Carolina at Chapel Hill, nos EUA, descobriram que a sensação de bem-estar resultante de um propósito nobre poderá fornecer benefícios à saúde celular, enquanto a "simples autossatisfação" pode ter efeitos negativos.
Os filósofos há muito que distinguiram duas formas básicas de bem-estar: o hedónico e o eudemónico. O bem-estar hedónico está associado ao prazer que determinadas experiências fornecem, enquanto o eudemónico está relacionado com um propósito nobre que ultrapassa a simples autossatisfação.
A líder do estudo, Barbara L. Fredrickson, explica que é a diferença de, por exemplo, ter em desfrutar uma boa refeição e de fazer parte de uma comunidade que trabalha num projeto de ação social.
Tanto uma experiência como outra fornecem uma sensação de felicidade, mas cada uma é vivida de forma diferente pelas células do nosso organismo.
Estudos anteriores já tinham apurado que estas duas formas de bem-estar estavam associadas a um aumento da saúde física e mental.
Foi descoberto que havia uma alteração sistemática na expressão de genes associada ao stress crónico, alteração esta caracterizada por um aumento de expressão de gene envolvidos na inflamação e uma diminuição da expressão de genes associados à resposta aos vírus. Os investigadores apelidaram esta alteração de "conserved transcriptional response to adversity" ou CTRA.
Se felicidade é então criada da mesma forma, os padrões de expressão genética deveriam ser os mesmos.
Contudo, os investigadores verificaram que o bem-estar eudemónico está de facto associado a uma diminuição do perfil de expressão de genes associados ao stress.
Por outro lado, o bem-estar hedónico está associado a um aumento significativo deste perfil.
De acordo com os investigadores, estes resultados são surpreendentes na medida em que todos os participantes reportarem sentimentos de bem-estar. A investigadora sugere que as pessoas com um bem-estar mais hedónico que eudemónico consomem o equivalente a “calorias vazias”.